As consultas anuais de rotina ao ginecologista, desde o início da puberdade, auxiliam na preservação da fertilidade feminina. “Corrimentos, irregularidades no ciclo menstrual, cólicas muito fortes podem ser indícios de doenças que, se não tratadas de forma adequada, causam infertilidade”, informa o ginecologista Ernesto Valvano, da equipe do Centro de Reprodução Humana de Piracicaba.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) correspondem a 25% das causas de infertilidade. “Geralmente as DSTs são silenciosas e, quando não tratadas no início, podem afetar a vulva, a vagina, a tuba uterina e o colo do útero”, detalha o ginecologista. Entre as doenças que podem comprometer a fertilidade, ele cita sífilis, gonorreia, clamídia, tricomoníase e alguns casos de HPV (Papiloma vírus humano), principalmente quando este acomete o colo do útero. A irregularidade menstrual, por sua vez, pode ser sintoma da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), que afeta 20% das mulheres na fase de vida reprodutiva. “A mulher com síndrome dos ovários policísticos ovula com menor frequência e tem ciclos menstruais, em geral, irregulares, comprometendo a fertilidade”, explica o médico.
Segundo o ginecologista, a SOP é uma doença endócrina complexa, caracterizada por alterações hormonais que levam à modificação estrutural nos ovários, com formação de cistos, e que podem repercutir no organismo, causando vários sintomas.
“Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhor será a qualidade de vida da paciente”, informa. Quando a mulher com síndrome dos ovários policísticos deseja engravidar, normalmente o médico indica que ela tome pílula anticoncepcional por um tempo, para que regule a menstruação e possa iniciar o tratamento.
Cólicas menstruais fortes podem ser indício de endometriose, doença que se caracteriza pela presença de focos do endométrio (tecido que reveste o interior do útero) fora do útero. Valvano ressalta que quanto mais cedo identificada e tratada, menos comprometerá a vida reprodutiva da mulher.
Por que planejar a gravidez?
Planejar a gravidez é uma forma de evitar surpresas desagradáveis quando a mulher decide que é o momento de ter filhos. O ginecologista Ernesto Valvano lembra que a idade é fator determinante para a fertilidade feminina. Do ponto de vista físico, a melhor idade para a mulher tentar engravidar de forma natural é dos 20 aos 29 anos de idade. Dos 30 aos 35 anos, a medicina ainda considera uma época propícia. “É importante destacar que os óvulos não se renovam e a fertilidade feminina diminui com passar os anos, com declínio significativo após os 35 anos”, afirma. A idade é fator preponderante até para as mulheres que buscam ajuda da medicina reprodutiva. “Precisamos sempre estar cientes que os procedimentos na área de reprodução assistida têm melhores resultados quando realizados antes dos 30 anos; as chances de gravidez diminuem consideravelmente com a idade, principalmente após os 35 anos, no caso da mulher”, declara. O médico esclarece que problemas de infertilidade simples podem ser resolvidos com procedimentos de reprodução humana com baixo custo, como coito programado (ou namoro programado) e inseminação artificial. Tratamentos de alta complexidade, como fertilização in vitro e ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), auxiliam em casos mais complexos.
Jornalistas responsáveis: Flávia Paschoal/Marisa Massiarelli Setto – Toda Mídia Comunicação
Comments