Leucemia: pacientes podem preservar a fertilidade
Leucemia em foco. A Campanha Fevereiro Laranja acontece este mês. E ela tem um objetivo muito importante: a conscientização. A inciativa se volta para o diagnóstico precoce e o tratamento da leucemia. O objetivo aqui, contudo, é falar sobre a preservação da fertilidade.
Homens e mulheres com leucemia e que desejam ser pais devem procurar um meio de preservar a fertilidade assim que receberem o diagnóstico. As alternativas existentes na reprodução assistida incluem dois procedimentos. São eles: congelamento de sêmen e de óvulos. Após o tratamento da leucemia, o paciente pode dar sequência, se assim desejar, a gravidez por meio da Fertilização In Vitro (FIV).
Congelar é importante porque os tratamentos para o câncer são muito agressivos. Por causa disso, muitos pacientes têm infertilidade após a sua conclusão.
“Dependendo da época que a mulher está, ela vai estar com um número de folículos primordiais. Então, quando o quimioterápico entra, ele destrói a maior parte dos folículos. Pode sobrar alguns, mas com qualidade duvidosa, pois entraram em contato com o remédio”, diz o Dr. Paulo Arthur Machado Padovani (CRM 39.563). Ele é Diretor do Centro de Reprodução Humana de Piracicaba (CRHP).
O mesmo acontece com os homens com leucemia ou outro tipo de câncer. Neste caso, entretanto, a alteração se dá na qualidade e quantidade dos espermatozoides.
O que devo fazer quando receber o diagnóstico de leucemia?
Uma vez que queira preservar a fertilidade, a mulher deve conversar com seu médico e buscar um especialista em reprodução assistida. O tratamento começará a ser estudado em conjunto com oncologista que a acompanha.
A primeira etapa consiste em estimular o organismo para haver ovulação. Isso deve começar antes do início do tratamento da doença. O estímulo a ovulação pode ser feito, neste caso, em qualquer período do ciclo menstrual. Após colhidos, os óvulos são congelados.
Os homens por sua vez, podem congelar o sêmen. A coleta ocorre na clínica de reprodução (também antes de o paciente ter contato com o medicamento).
Quando estiverem curados da leucemia, ambos podem, portanto, utilizar esse material para tentar uma gravidez. Nas mulheres a gestação se dará por meio da implantação do óvulo, fertilizado em laboratório, em seu útero. Já no caso dos homens, os espermatozoides são usados para fertilizar o óvulo da parceira ou da pessoa que irá receber o embrião e gestar.
Congelar o tecido ovariano é possível?
Sim, mas essa técnica se faz útil em casos específicos. Um exemplo são mulheres com contraindicação para receberem estimulação ovariana com hormônios. Além disso, outra razão para usá-la é quando a paciente não pode esperar muito tempo para começar o tratamento do câncer. A técnica também é única que preserva a fertilidade em meninas antes da puberdade.
O método consiste na retirada, de forma cirúrgica, de um fragmento do tecido do ovário, onde estão os óvulos. Depois, congela-se a amostra. Uma vez curada, a paciente fará o reimplante desse fragmento para tentar então a gestação. Importante ressaltar, que a amostra passa por uma biópsia antes do congelamento. Assim, garante-se a segurança do processo.
Após o tratamento, posso ter dificuldade para gestar?
Normalmente não. Antes, quando uma mulher fazia uma radioterapia na pelve, por exemplo, o útero poderia ser afetado. Mas os tratamentos contra o câncer evoluíram muito. E, com isso, os efeitos colaterais dos procedimentos diminuíram. No entanto, cada caso é um caso e se faz necessário analisar o contexto.
O Centro de Reprodução Humana de Piracicaba está instalado no Hospital Santa Isabel, graças a uma parceria com a Santa Casa de Piracicaba.
Jornalista responsável: Arlete Maria Antunes de Moraes. MTB 0084412/SP.

Dr. Paulo Arthur Machado Padovani
- Formado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí
- Pós-graduado lato-sensu pela Faculdade de Medicina de Jundiaí e Associação Instituto Sapientiae
- Especialista em ginecologia e obstetrícia, e habilitação em laparoscopia
- Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida
- Possui título de Capacitação em Reprodução Assistida emitido pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida